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Peixe-elétrico Áudio – Tales Ab’Sáber
6 Nov 2015
Peixe-elétrico inaugura com esta conversa com o psicanalista e ensaísta Tales Ab’Sáber a Peixe-elétrico Áudio. Um espaço criado para dar voz a intelectuais críticos para que possam aprofundar o debate sem os limites de uma entrevista convencional.
Em seu mais recente livro – Dilma Rousseff e o ódio político (Hedra, 2015) – Ab’Sáber responde a algumas questões abertas em Lulismo, carisma pop e cultura anticrítica (Hedra, 2011). Interessado em entender o momento político pelo qual passa o Brasil – para além da atual redução do debate público –, Ab’Sáber usa recursos que vão da psicanálise até a crítica cultural, passando por teorias clássicas da sociologia, sem nunca deixar de pensar o país dentro do quadro mais amplo do capitalismo em sua fase globalizada.
Nesta entrevista, além do tema tratado em seus livros, Ab’Sáber falou também sobre as dificuldade de se pensar uma história do presente, o esgotamento do projeto modernista, os discursos fascistas que voltam a se articular pelo mundo, o fetiche da mercadoria em seu momento mais agudo e os riscos planetários de uma nova crise econômica como a ocorrida em 2008.
Parte 1 – Carisma e política no Brasil contemporâneo: Lula e Dilma
“A vida intelectual de esquerda do Brasil, uspiana, elege o Lula como o homem que vai operar o próprio desejo desse campo intelectual.”
“Ela [Dilma] passou a vida política em um gabinete dizendo como as coisas devem ser. (...) Ela nunca foi política. Ela não tem a formação da vitória e da derrota.”
“O problema do carisma político, apesar de real, é que ele é estrategicamente deixado de lado.”
Parte 2 – História do presente, sociedade de espetáculo e o declínio da modernidade
“Quem vai pagar a conta da necessidade de acumulação irracional?”
“Você aumenta o poder da sociedade do espetáculo. Você financia fetichismos. Você transfere dinheiro público para setores privados. Você faz uma festa [Copa do Mundo], e depois fecha hospitais.”
“Nós pegamos um celular e temos a Enciclopédia Britânica. Só que não temos quem faça perguntas à Enciclopédia Britânica.”
Parte 3 – A nova onda conservadora e o capitalismo globalizado
“O dinheiro está hiperconcentrado. Ele não consegue retornar à vida social.”
“Neste momento as classes trabalhadoras e médias começam a perceber os riscos que estão correndo.”
“Estamos vendo o surgimento de grupos fascistoides, sem ainda existir um movimento fascista. (...) Esses grupos estão demandando um senhorio e um chicote, diante do terror que se revela o seu próprio futuro.”
“A nossa modernidade – as nossas esperanças modernas emancipatórias – teria sido um período muito pequeno e frágil da história.”
Entrevista dada a Tiago Ferro, novembro de 2015.
Crédito da foto: Lucas Campacci